Outro dia fui com minha esposa no motel...
Algumas ocasiões são realmente muito desagradáveis na vida de um gordo.
Ir a um motel, com toda certeza, é uma delas.
Tudo em um motel parece que foi projetado minuciosamente para gozar da cara dos obesos. Reparem só.
Na grande maioria desses estabelecimentos é preciso subir uma escadaria para chegar ao quarto. Isso não se faz.
Ou o gordo “trepa” ou sobe escada.
As duas coisas no mesmo dia são impraticáveis.
O gordo chega tão esgotado no quarto que parece até que já “deu” duas no caminho. A parceira, então, propõe uma hidromassagem para relaxar.
O que, na verdade, quer dizer: ' - Por que você não vai tomar banho, seu gordo sebento?'.
Já na banheira, o gordo percebe que nem a água quer ficar com ele...
Metade cai fora, preferindo manter uma relação mais íntima com o chão do banheiro.
Dá um friozinho na barriga. Até porque parte da barriga, como um iceberg, fica pra fora da espuma.
Mas é na saída do banho que a situação fica ainda mais ridícula.
Chega o fatídico momento de colocar o roupão.
É triste. Com algum esforço, o cinto até fecha, mas o roupão não.
Fica aquele decote tipo Luma de Oliveira, que dá pra ver até o umbigo.
Só que no lugar da Luma está o Jô, saca! É constrangedor.
Quando o gordo finalmente chega ao quarto, a situação consegue ficar ainda pior.
Se um elefante incomoda muita gente, dez elefantes de roupão refletidos nos espelhos incomodam muito mais.
Para que tanto espelho? Se o próprio gordo já fica mal, imagina a parceira cercada pela manada?
Se eu fosse ela, não dava mais de comer aos animais.
Mas de todos os espelhos o mais cruel, sem dúvida, é o do teto. A vista é estarrecedora.
Dá até para entender por que a maioria das mulheres transa com os olhos fechados.
Acho que a única utilidade de tantos espelhos é prá gente conseguir ver o passarinho que a barriga não deixa a gente ver ha muitos anos.
Já faço até xixi no piloto automático.
Eu, como sou um gordo experiente, uso uma tática infalível: ligo o ar condicionado no máximo para forçar o uso do lençol.
Afinal, o que os olhos não vêem...
(Jô Soares- texto / entrevista)
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Motel não é para obesos!
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Um comentário:
ele só esqueceu de comentar que enquanto ele tava na banheira a mulher tava esperando a vez dela
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